por N sessões de terapia, ainda que me obriguem a frequentar regularmente um psiquiatra e um psicólogo a fim de me fazerem ver o erro que
cometi e que minha alma será condenada ao inferno. Ainda que eu seja obrigada a
lidar com a culpa de decepcionar pessoas que se importam comigo e que temem
pela minha alma, ainda que eu seja obrigada e frequentar lugares que pra mim
não fazem mais sentido, ainda que eu seja obrigada a ouvir o resto da minha
vida que cometi um grande erro ainda muito jovem, ainda que num futuro não tão
distante eu encontre alguém com quem queira viver uma vida e tenha que contar
tudo isso, não posso negar que não me arrependo agora das atitudes e decisões
que tomei, não posso dizer que sou alguém traumatizada com essas escolhas. Eu
curti muito bem enquanto todos os momentos enquanto estes duraram, me diverti e
me entreguei as sensações que presenciei e participei.
Não
há erros quando se tratam de sentimentos, porém por mais que eu tente expressar
em palavras tudo o que senti e sinto, não tenho certeza da veracidade de minhas
próprias palavras, ainda assim, arrisco dizer que tudo se baseou em carinho,
confiança, afeto, respeito e parceria. O amor se manifesta de varias maneiras,
seria essa mais uma delas? Não sei, talvez um dia eu tenha certeza, no momento
não chamo de amor, não daqueles que fazem com que você perca a cabeça como a
paixão, tão pouco aquele que você quer passar o resto da vida com a pessoa o
tal de amor, mas sim aquele que você só quer o bem da pessoa e mais nada. Não é
do tipo altruísta, é mais conveniente do que necessário, mais real do que
imaginário, sem dor, sem amor, sem problemas.
Ainda
que o final não fosse o esperado, não posso dizer que foi emocionalmente
doloroso. Admito que eu não esteja nada bem, não por algo relacionado à pessoa,
mas com a toda à situação de modo geral, nunca me imaginei sendo proibida de
chegar perto de alguém que eu esteja afim, ou que esteja com a pessoa. Temo não
só por mim, mas por ele também. Tenho medo de que caso ele esteja gostando de
mim, desista de tudo, afinal sou sinônimo de problema, não quero perder a
chance de me envolver com alguém só porque sou proibida, tenho medo de querer e
não mais poder conversar com alguém que nos últimos tempos se tornou
necessário, e que tenho necessidade de
conversar, necessidade essa que ainda que da nossa forma estranha, me fazia
bem, tenho essa necessidade manter contato. Revolto-me comigo mesma por saber
que agora que estou terminantemente proibida de chegar perto do sujeito, ele se
tonou extremamente interessante, não poder falar com ele só me faz querer mais,
só me faz desejá-lo mais. Que ridículo. Sinto-me patética, mas dane-se nunca
fui lá muito normal.
Ainda
que tudo isso me traga dor de cabeça, ainda que minhas próprias ilusões e que
tudo o que eu tendo a imaginar agora
possa ser traumático, não me arrependo e faria tudo de novo, mas se eu
pudesse voltar no tempo, seria muito mais intensa e muito mais disposta do que
fui. E um dia lá na frente, quando eu me referir a tudo isso. Apenas direi: ”foi
especial”.
Sabe
aquele momento em que você quer fugir de tudo e de todo mundo, quer sair
correndo e deixar tudo pra trás, desistir da sua própria vida, dos seus planos
sonhos, perspectivas, e então você se da conta que não será assim tãão fácil. Porque
você se importa, você queria poder mudar essa realidade descabida, mas não sabe
como e muitas vezes nem tem como. Você se fodeu. E não importa o quanto digam
que você não deve desistir, não deve fazer o que os outros querem, não deve ser
quem os outros querem, você não tem escolha, eu não tive escolha.
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